sexta-feira, 13 de maio de 2011

Sobre Gerhard Richter


Faz anos que sou obcecado pela obra do Gerhard Richter, pintor alemão.
Por algum motivo pensei nele quase automaticamente quando decidi dirigir essa peça. Talvez pela correlação quase óbvia entre um certo grupo de pinturas dele e esse texto do Pinter:
Gerhard Richter tem uma pesquisa de pinturas a óleo retratando fotografias, muitas vezes em preto-e-branco, pinturas que sempre são trabalhadas com um método de raspagem, resultando em imagens que são ao mesmo tempo figurativas (e às vezes até hiper-realistas), mas sempre geram um desconforto, uma sensação que vai além da representação da imagem, talvez pela estranha nostalgia causada por uma pintura em preto-e-branco (não é uma foto), talvez por essa desfiguração esteticamente bela e perigosa da raspagem. Nostalgia, estranheza, transfiguração da imagem figurativa de uma foto numa coisa outra...
Já o Pinter, nesse texto, gera personagens que só falam sobre o passado o tempo todo, mas estão sempre falando do presente. E sempre através de uma lógica interna não-realista, mas que se parece com o real. Parece que são apenas um casal e uma amiga conversando, como numa situação real absolutamente normal. Até que essa lógica vai se distorcendo aos poucos. Se raspando, se tornando uma outra coisa...

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